quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Atitudes construtivas em relação a fome fortalece a relação dos líderes e seu grupo.

Em um treinamento nos estendemos um pouco e os ponteiros do relógio ultrapassavam o horário habitual do almoço, eram quase 14 horas e as pessoas reclamavam de fome. Saímos dali pensando como falamos algumas coisas de boca cheia.


No mundo cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto; existem1 bilhão de analfabetos; 1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, destas, 630 milhões são extremamente pobres, com renda per capta anual bem menor que 275 dólares; 1,5 bilhão de pessoas sem água potável; 1 bilhão de pessoas passando fome;150 milhões de crianças subnutridas com menos de 5 anos (uma para cada três no mundo); 12,9 milhões de crianças morrem a cada ano antes dos seus 5 anos de vida.

Não nos permitimos pensar de outra forma que essa fome é originária de outras fomes. Temos fome de generosidade, temos fome de confiança, temos fome de paz, temos fome de religiosidade, temos fome de companheirismo, coleguismo, respeito, ídolos, temos fome do que é permanente porque temos valorizado demais o que é impermanente. Hipnotizados pelos próprios umbigos temos fome de amor que nos causa uma subnutrição de felicidade.

Descordamos que exista alguma empresa que não seja pública, existem empresas de capital público e outras de capital privado, mas toda empresa, por menor que seja, da micro-empresa, as gigantes, realizam efeitos no homem, na sociedade e na natureza, desta forma todas devem ter um compromisso com o público, que vai muito além do seu cliente direto. Não é mera coincidência que o Instituto Eckart tem como missão contribuir com o desenvolvimento humano de modo que as organizações agreguem valores construtivos, pois a vida faz parte da nossa vida.

O que queremos dizer com tudo isso é que não podemos lavar as mãos para certas áreas emergenciais onde o Governo tem uma gestão no mínimo populesca e desastrosa. E para isso tem uma frase do Henry Kissinger que é bastante apropriada: "O ilegal é o que fazemos imediatamente. O inconstitucional é o que exige um pouco mais de tempo". No Brasil, a cada cinco minutos, morre uma criança. A maioria de doenças da fome. Cerca de 280 a 290 por dia. É o que corresponderia, de acordo com o Unicef, a dois Boeings 737 de crianças mortas por dia. A partir de dados oficiais coletados pelo médico Flávio Valente existem, pelo menos, 36 milhões de brasileiros que nunca sabem quando terão a próxima refeição.

Não dá para contar nos dedos os meninos esmolando nas sinaleiras, se tirarmos nossa cabeça pela janela do escritório podemos fotografar com nossos olhos a pobreza nascendo nos morros, o mesmo escorregador que nossos filhos usam é moradia para alguns, os nossos restos depositados nas latas de lixo é refeição de outros. Evidente que não seremos os salvadores do planeta, mas é evidente que podemos tomar atitudes que minimizem a dor de uns poucos e isso ao nosso ver já é muito bom. Porque a atitude construtiva não é a do herói que deseja os louros da vitória, mas é a do líder que educa em direção da cultura transformadora.

Ações muito simples como investir num projeto de uma comunidade pobre, considerar a possibilidade de contratação de serviços oferecidos por organizações comunitárias

ou fornecedores locais, conscientizar e mobilizar aqueles que você lidera a participar de projetos comunitários, adotar um projeto específico em campanhas para erradicação da fome ou de estímulo a práticas agrárias sustentáveis, ou ainda organizar uma horta comunitária ou partir para a distribuição de sopa às pessoas em situação de risco alimentar. Ainda é possível pensar como seus funcionários com formação técnica usem suas habilidades profissionais na execução de trabalho voluntário sem fins lucrativos, para grupos comunitários. E o mais importante, faça rede de conexões : fale mais do assunto e desenvolva parcerias com outras empresas que você nem imaginava que também estavam inclinadas a desenvolverem ações construtivas nesse campo.

É evidente que uma empresa que age assim só tem a ganhar. Mas quem mais tem a ganhar é o ser humano que existe em todos nós, são os seres humanos que lideramos e podem reconhecer na nossa liderança e na empresa um lugar que pensa também o bem -estar como um bem-comum, são os seres humanos que terão oportunidade de crescimento: físico e moral. Porque não há presente maior do que ser misericordioso. Uma luz que acende entre aquele que abençoa e o que é abençoado, e nunca mais se apaga.

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